A
PROSA DO TERROR
O
terror vai-se acumulando lá fora.
Ao
princípio ele primava pela distância, via-se, ouvia-se, virtual.
Linhas
em sangue vivo podiam circular pelas vizinhanças,
trocavam-se
os idiomas por deus,
nasciam
e morriam problemas, corriam pelas palavras da noite
os
fantasmas do dia.
Mas
tudo se ocultava por fim, negro e sem sol redimível,
numa
espéciede armário humaníssimo
à
prova do corpo a corpo.
Como
se lança um dardo desportivo, assim foi a conversa
do
poemae da vida.
Iam-se
tomando medidas entre país e país,
discutiam-se
as possíveis ciências do futuro, o desfrute mental
de
possíveis refúgios,
as
sempre consumíveis teorias sobre a paciência,
a
brilhante ogiva teatral do mundo.
Agora
já se observa o lixo armazenado,
as
cabeças cheias e coloridas, as artes recicláveis
consoante
os estilos de morte,
os
braços nus e trabalhados numa pose de séculos,
a
sempre apregoada, bendita mãe de todos os desastres,
a
rotineira novela do petróleo,
os
seios fictícios de Angelina Jolie, a nova namorada de Clooney,
tudo
isso concentrado em trinta segundos.
E
o degolar gargantas ou enviar mísseis como apertos de mão,
em
gran finale.
Ah,
ainda se vive tão bem
nesta
velha europa.
Grande poeta, grande amigo, já se foi embora, tenho saudades.
ResponderEliminarLuís