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O Quinto Império 
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Triste de quem vive em casa, 
Contente com o seu lar, Sem que um sonho, no erguer de asa Faça até mais rubra a brasa Da lareira a abandonar! 
Triste de quem é feliz! 
Vive porque a vida dura. Nada na alma lhe diz Mais que a lição da raíz -- Ter por vida sepultura. Eras sobre eras se somen No tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem Pela visão que a alma tem! E assim, passados os quatro Tempos do ser que sonhou, A terra será teatro Do dia claro, que no atro Da erma noite começou. Grécia, Roma, Cristandade, Europa -- os quatro se vão Para onde vai toda idade. Quem vem viver a verdade Que morreu D. Sebastião? 
Fernando
Pessoa 
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