Sangue negro
(para Jorge Amado)
Terras curvas do Recôncavo 
onde adormece o oceano, 
no teu subsolo circula
sangue negro cor da noite,
da cor co preto africano,
preto cujo sangue escravo
regou o solo baiano.
Terras curvas do Recôncavo
Onde adormece o oceano,
de tuas veias abertas 
escorre 
o petróleo baiano, 
sangue negro do Brasil. 
Operário mestiço! 
tuas ásperas mãos – e tu não sabes disso – 
tuas mãos quando movem as máquinas do Poço 
movem forças latentes, 
movem forças criadoras, 
movem o Brasil, tuas mãos libertadoras.
Teu gesto inicial se transmite e propaga,
repercute longe até nas selvas do Oeste
e cresce, desdobrado como cresce uma onda
de mar,
cresce e acelera o ritmo da Volta Redonda,
gerando máquinas sem parar,
e gera usinas
onde o ferro e os metais tirados das minas
do ventre da terra.
Jorge
Amado, à época intelectual comunista, residente em Salvador e já de grande
sucesso, era amigo de Jacinta; ambos escreviam para o jornal O Imparcial. A partir de 1945, Jacinta
tornou-se cunhada de Jorge, ao se casar com o irmão dele.

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