UM SONHO PARA
SEMPRE 
Nasci ao pé de uma velha gare, 
E, desses tempos, guardo ainda em
mim 
A ténue recordação 
De uma antiga estação, 
Com pessoas a partir e a chegar 
Em louco frenesim. 
Ser uma delas, foi a minha
primeira ambição, 
E não houve Everest que eu não
escalasse 
Nem Amazonas que não explorasse 
Na minha imaginação. 
Hoje vivo ao pé do mar, 
E vejo os barcos a sair a barra, 
E o sonho vem, e cresce, e
desamarra 
A vontade inesgotada de abalar. 
Às vezes, vislumbro alguém na
amurada, 
E há um braço que se ergue num
sinal, 
E eu respondo com um adeus igual 
Até onde a vista nos alcança. 
E enquanto dura o tempo desse
aceno 
Volto de novo a ser pequeno 
E sonho outra
vez como em criança.
António José da Costa Neves (E. S. Tagino)
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