W.C.
Neste país onde ninguém sabe 
como obram as musas, 
já dizia o outro, 
fazer versos realmente versos, 
que sigam o espasmo do ânus provecto 
dessas criaturas fúteis, decantadas, 
ainda é e será muito difícil. 
Existe sempre um braço etéreo 
que puxa o autoclismo 
no momento exacto da defecação. 
Ouve-se um ruído, 
alguém pergunta ao outro o que se passa: 
«É o som das águas que bate na garganta.» 
Aliviados então os corações repousam 
na sala de visitas da casa devassada 
a que chamam d'alma. 
Armando
Silva Carvalho
in 'Sentimento de um Acidental'
Grande poeta, um amigo de longa data que perdi.
ResponderEliminar