(obra de Armando
Alves)
 homenagem a Casquinha e Caravela (Em
memória de José Caravela e António Maria Casquinha, mortos em Montemor-o-Novo
pela Guarda)
1
Aqui
Nesta planície de sol suado
Dois homens
desafiaram a morte, cara a cara, 
em defesa do seu gado
de cornos e tetas.
Aqui onde 
agora vejo crescer
uma seara 
de espigas pretas
2
Quando os dois
camponeses desceram às covas,
Ante os punhos
cerrados de todos nós, 
Chorei!
Sim, chorei,
Sentindo nos olhos a
voz 
do que há de mais
profundo 
nas raízes dos homens
e das flores
a correrem-me em
lágrimas na face.
Chorei pelos mortos e
pelos matadores
- almas de frio
fundo. 
Digam-me lá:
Para que serviria ser
poeta
Se não chorasse
Publicamente
Diante do mundo?
José Gomes Ferreira

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