sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Rotativismo político -- Raúl Proença


ROTATIVISMO POLÍTICO E ESTABELIDADE POLÍTICA GOVERNATIVA

Parece que o problema capital desta República é agora o aniquilamento absoluto dos pequenos agrupamentos partidários. É este, como se sabe, o mot-dórdre olímpico dos bonzos eleitos no último congresso democrático. Estamos na hora extremamente pícara em que os Tavares Ferreira, travestis em Cipiões, pronunciam o Delenda Carthago. E o mais interessante do caso é que entre os políticos que parecem dispostos a dar a sua adesão a esse pitoresco plano de extermínio, estão precisamente os independentes! Enfim, é um tributo prestado ao génio e à inteligência. Não teríamos sido lógicos, se tivéssemos tido lógica uma só vez na vida.
O que se pretende, afinal? Fundar o rotativismo e assegurar a estabilidade governamental.
Mas, embora se possa divergir com boas razões do rotativismo, o que é certo é que há um rotativismo saudável, como há um rotativismo doentio, e até criminoso; uma estabilidade benéfica, ao lado duma estabilidade perniciosa.
Analisemos.
O rotativismo só pode constituir uma modalidade saudável da vida política quando é exercido por dois partidos de feição doutrinária divergente e oposta, quando esses partidos representam dois grandes sistemas gerais de opinião perfeitamente distintas e um deles seria na vida política e na governação o correctivo indispensável do outro. É o que se dá entre nós? Evidentemente que não. Ambos os partidos que neste momento, depois da irradiação dos canhotos, pretendem alternar-se no poder, têm uma feição caracteristicamente conservadora. Não se distinguem um do outro senão pelas pessoas que os constituem. Alternar-se-iam, pois, as gamelas, não se alternariam as opiniões. Seria um rotativismo de estômagos, não seria um rotativismo de tendências. É esse que os srs. querem, para maior triunfo da democracia, parecendo assim assegurar a perfeita normalidade do sistema republicano, quando não fazem mais que falsificá-lo e pervertê-lo?Também toda a gente reconhece, como uma condição da vida hígida do Estado e do bom funcionamento das instituições políticas, um mínimo de estabilidade governativa. Muito bem. mas nós não ficamos por aqui – e é nisto que nos distinguimos dos brutos. Reconhecemos igualmente que acima da estabilidade há os princípios, as aspirações, as capacidades, o valor dos partidos em benefícios dos quais ela se realiza. Nada mais proveitoso para o país que a estabilidade dum governo de homens inteligentes, honestos, livres de toda a clientela financeira, desempoeirados do espírito, com bastante largueza de inteligência para compreender na sua essência e nas suas diversas modalidades os problemas nacionais, com bastante capacidade de acção para começar a resolvê-los, com bastante energia para meter na ordem todos os que conspirem contra ela, com bastante carácter para não trair as belas promessas do tempo da propaganda, a que miseravelmente estamos faltando todos os dias. Mas a estabilidade dum governo de bonzos, incontestavelmente estúpidos (com ofensa e sem favor), de inteligência
empedernida por uma fossilização multi-secular (o sr. Silva Barreto, por exemplo, é do jurássico inferior), absolutamente incapazes, por constituição mental, de ver os problemas com toda a clareza e amplitude, e ainda por cima pertencendo na sua maior parte à firma Parlamento, Nunes & C.ª, com as afinidades mais suspeitas, essa é decerto a maior calamidade que pode sofrer qualquer país.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Relax

Análises
Vinho tinto ... 13,1 -- o,59 -- 997,11
Vinho branco .. 13,1 -- 0,53 -- 993,31
Análises melhores que estas só as minhas!
Aceitam-se inscrições para a abertura da pinga.
Depois do Congresso

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Papoupa na calçada

Papoula na calçada
Encalhada entre calhaus por onde passam carros
conseguiu florir toda vermelha e a tempo.
E isto dá certa esperança.
Paulo Quintela