domingo, 20 de fevereiro de 2011

AS CRIANÇAS E A VIDA


(a criança e a vida)

SÃO MÃOS QUE TRABALHAM

São mãos que trabalham.

São de homens que puxam barcos, guiam máquinas,

arrancam pedras, martelam nas ruas.

Estas mãos têm dores.

As mãos com feridas têm saudades da água fresca,

das flores, da língua dum cão, das penas dum passarinho.

Os homens destas mãos são tristes. Têm fome, têm sede,

gostavam de acordar um dia e descansar de manhã à noite.

Gosto muito das mãos das pessoas que trabalham.

Estas mãos fazem lembrar um coração com susto.

Miguel Macedo (1966)

MÃOS DE PEDRA

Estas mãos são muito tristes.

Parecem pedras.

Tem estas cores porque estiveram muito tempo

debaixo de água.

Eram mãos de amigos que iam para longe

e os outros não queriam e choravam.

Nunca mais se encontraram.

As mãos ficaram de pedra, à espera,

à espera, à espera, à espera, muito tempo.

Dos dedos nasceram formigas e flores encarnadas.

Maria da Conceição (1966)

AS MÃOS DOS AFOGADOS

São mãos de afogados.

Morrem e depois ficam as flores do mar.

Dão gritos.

Ninguém ouve os gritos.

Os companheiros é Deus, os peixes, as rosas e o escuro.

Sonham que estão vivos e conversam e são amigos

das flores, e das pedras e dos peixes.

A morte dos afogados é como uma canção.

As ondas são berços azuis.

Alberto (1966)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Até já


Até já
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Somos todos tunisinos

DECLARAÇÃO DE FUNDAÇÃO DA

FRENTE 14 DE JANEIRO DAS FORÇAS NACIONAIS, PROGRESSISTAS

E DEMOCRÁTICAS DA TUNÍSIA

PELO SOCIALISMO

Colocado em linha em: 2011/02/03

Tradução para castelhano de Hatem AK., para Corriente Roja

Para afirmar e assegurar a nossa participação na revolução do nosso povo, que lutou pelo seu direito à liberdade e à dignidade nacionaleste povo que deu centenas de mártires e milhares de feridos e detidos – e para completar e garantir a vitória contra os inimigos do interior e do exterior e aqueles que tentam fazer gorar os sacrifícios do povo, constituímos a “Frente 14 de Janeiro”, como marco político para promover e assegurar a revolução, até alcançar os seus objetivos, bem como para lutar e parar as forças da contrarrevolução; frente (e marco) que agrupa os partidos, forças e organizações nacionais, progressistas e democráticas.

Os seus objetivos e tarefas são:

1. A queda do atual governo de Ghanouchi ou de qualquer governo que inclua pessoas do anterior regime, que efetuaram as políticas antinacionais e ntipopulares e serviram os interesses do presidente derrubado.

2. Dissolver o partido do ex-presidente e confiscar as suas sedes, bens, ativos financeiros e fundos, porque são do povo.

3. A formação de um governo de transição que expresse a confiança do povo, das suas forças políticas progressistas e das suas organizações sociais, sindicais e juvenis.

4. A dissolução da câmara de representantes, dos assessores e de todas as instituições, do conselho superior da magistratura; o desmantelamento de toda a estrutura política do antigo regime e a preparação para a eleição de uma assembleia constituinte, para a elaboração de uma nova constituição democrática e um novo marco legal da vida pública, que garanta os direitos políticos, económicos e culturais do povo.

5. A dissolução da polícia política e a promulgação de uma nova política de segurança, que respeite os direitos humanos e as leis.

6. Pedir responsabilidades a todos aqueles que se demonstre que saquearam os bens do povo e contra ele cometeram crimes, como a repressão, o encarceramento, a tortura e as decisões, ordens e execução de assassinatos, assim como àqueles de quem se prove a suaconduta e má gestão da propriedade pública.

7. A expropriação dos bens de toda a família, das pessoas próximas e envolvidas de todos os responsáveis políticos que utilizaram a sua posição para enriquecerem à custa do povo.

8. Assegurar e gerar emprego para os desempregados e tomar medidas urgentes que garantam os subsídios de desemprego, a cobertura social e de saúde e melhorar o poder de compra do povo.

9. A construção de uma economia nacional ao serviço do povo, onde os setores vitais e estratégicos estejam sob o controlo do estado, a nacionalização de todas as empresas que foram privatizadas e a aplicação de uma política económica e social que rompa com a perspetiva capitalista e liberal.

10. O lançamento das liberdades públicas, individuais e, especialmente, a liberdade de manifestação, organização, expressão, de imprensa, informação e crença, bem como a libertação de todos os detidos e a promulgação da lei da amnistia.

11. A “Frente 14 de Janeiro” saúda o apoio das massas populares e das forças

progressistas do mundo árabe e de todo o mundo e apela a que o mantenham.

12. Rejeitar a normalização de relações com a entidade sionista e criminalizá-la e apoiar os movimentos de libertação nacional do mundo árabe e de todo o mundo.

13. A Frente apela às massas populares e às forças progressistas e patrióticas para

continuarem com as mobilizações e a luta, por todas as formas legítimas - especialmente, as manifestações nas ruas -, até se alcançarem os objetivos propostos.

14. A Frente saúda todas as comissões, associações e organizações populares e apela à ampliação do seu círculo de participação em todos os assuntos públicos e da vida diária e quotidiana.

GLÓRIA AOS MÁRTIRES DA INTIFADA E A VITÓRIA PARA AS

NOSSAS MASSAS POPULARES REVOLUCIONÁRIAS

Tunísia, 20 de janeiro de 2011

ASSOCIAÇÃO DE ESQUERDA – OS TRABALHADORES

MOVIMENTO UNIONISTA NASSERISTA

MOVIMENTO DOS NACIONALISTAS DEMOCRÁTICOS

NACIONALISTAS DEMOCRÁTICOS

CORRENTE BAASISTA

ESQUERDAS INDEPENDENTES

PARTIDO COMUNISTA OPERÁRIO DA TUNÍSIA

PARTIDO NACIONAL DE AÇÃO DEMOCRÁT