O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão
O funcionáriopúblico não cabe no poema comseusalário de fome suavida fechada emarquivos. Comonão cabe no poema o operário que esmerila seudia de aço e carvão nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores, está fechado: "não há vagas"
Só cabe no poema o homemsemestômago a mulher de nuvens a frutasempreço
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