É um jovem marginal habituado a desacatos e com o qual a polícia manifesta muita paciência e compreenção.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
A civilização Acidental
É um jovem marginal habituado a desacatos e com o qual a polícia manifesta muita paciência e compreenção.
sábado, 18 de junho de 2011
José Saramgo 1922 / 2010
DEMISSÃO
Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos, se dependentes.
* * *
«Pois o tempo não pára…»
Pois o tempo não pára, nem importa
Que vividos os dias aproximem
O copo de água amarga colocado
Onde a sede da vida se exaspera.
Não contemos os dias que passaram:
Hoje foi que nascemos. Só agora
A vida começou, e, longe ainda,
Pode a morte cansar à nossa espera.
* * *
OPÇÃO
Antes arder ao vento como archote
Num deserto de sombras e de medos,
Que ser a dócil rima do teu mote,
Um morrão de cigarro nos teus dedos.
«Os Poemas Possíveis»
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Antes Que Seja Tarde
Antes Que Seja Tarde
Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
Manuel da Fonseca
domingo, 12 de junho de 2011
sexta-feira, 10 de junho de 2011
"ceia de pobre, roupa remendada"
O COMUM DA TERRA
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas da cal
a crispação da sombra caminha devagar.
De tantas palavras que disseste algumas se perdiam
outras duram ainda, são lume, breve arado,
ceia de pobre, roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
Eugénio de Andrade
a
Vasco Gonçalves, 14-5-76