sábado, 6 de julho de 2013

JOÃO GUIMARÃES ROSA

Um dos maiores ourives da palavra…”

Permito-me partilhar convosco a alegria deste reencontro com João Guimarães Rosa, escritor que tão grande contributo deu na construção da língua portuguesa.

Em meus textos.
quero
chocar o leitor,
não deixar que ele repouse
na
bengala dos lugares-comuns,
das
expressões acostumadas
e domesticadas.
Quero obrigá-lo a
sentir
uma
novidade nas palavras.”

Aquilo saía gemido e tremido, e vinha bulir com o coração da gente, mas era forte demais. Octaviano pediu a seu Saulinho para mandar o pretinho calar a boca. Mas seu Saulinho tinha tirado da algibeira o retrato da patroa, e ficou espiando, mais as cartasPorque seu Saulinho não sabia ler, mas gostava de receber cartas da mulher, e não deixava ninguém ler para ele: abria e ficava olhando as letras, calado e alegre, um tempão…”
(in Sagarana)

--- “Quando tudo era falante… No centro deste sertão e de todos. Havia o homem --- a coroa e o rei do reino --- sobre grande e ilustre fazenda, senhor de cabedal e possanças, barba branca para coçar. Largos campos, fim das terras, essas províncias de serra, pastagens de vacaria, o urro dos marruás. A Fazenda Lei do Mundo, no campo do Seu PensarVelho homem morreu, ficou o herdeiro filho
Nos pastos mais de longe da Fazenda, vevia um boi, que era o Boi Bonito, vaqueiro nenhum não aguentava trazer no curral
O sinal desse boi era: branco leite, cor de flor. Não tinha marca de ferro. Chifre de bom parecer. Nos verdes onde pastava, tantos pássaros a cantar.
(in Manuelzão e Miguilim)

 
JOÃO GUIMARÃES ROSA
1908 – 1967

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