quarta-feira, 29 de abril de 2020

Minha última vontade - Joe Hill (Sindicalista assassinado em 1915)


(Sindicalista assassinado em 1915)

 

Minha última vontade - Joe Hill

Minha vontade é fácil de decidir:
não deixo nada para repartir.
Meus parentes não precisam de se queixar ou lamentar.
"O musgo não adere a um seixo em movimento".
 

Meu corpo? Ah! Se pudesse escolher
o reduziria a cinzas,
e deixaria soprar as felizes brisas
para que as levasse onde germinam as flores.
 

Quiçá as flores que murcham
voltassem à vida e brotassem de novo.
 

Este é meu último desejo:
Boa sorte a todos.





My Last Will

My Will is easy to decide,
For there is nothing To divide
My kin don't need to fuss and moan—
"Moss does not cling to a rolling stone["]
My body?—Oh!—If I could choose
I would want to ashes it reduce,
And let The merry breezes blow
My dust to where some flowers grow

Perhaps some fading flower then
Would come to life and bloom again

This is my Last and Final Will.—
Good Luck to All of you,

terça-feira, 28 de abril de 2020

RUA DO OURO - Mário Cesariny



RUA DO OURO

Ai dele que tanto lutou e afinal
está tão só. Tão sozinho. Chora.
Direcção da Companhia Tantos de Tal.
Cinquenta e três anos. Chove, lá fora.

Chora, porquê? Ora, chora.
Uma crise de nervos, coisa passageira.
É, talvez, pela mulher que o adora?
(A ele ou à carteira?)

Seis horas. Foi-se o pessoal.
O homem que venceu está sòzinho.
Mas reage: que diabo. Afinal...
E olha para o cofre cheínho.

Sim estou só ainda bem porque não? ele diz
batendo com os punhos na mesa.
Lutei e venci. Sou feliz
E bate com os punhos na mesa.

Seis e meia. Ó neurastenia
o homem que venceu está de borco
e sente uma grande agonia
que afinal é da carne de porco
que comeu no outro dia.

É da carne de porco ele diz
vendo a chuva que cai num saguão.
É da carne de porco. Sou feliz.
E ampara a cabeça com as mãos.

Durante toda a vida explorou o semelhante.
Por causa dele arruinaram-se uns cem.
Agora, tem medo. E o farsante
diz que é feliz diz que está muito bem.

Sim, reage. Que diabo. Terei medo?
E vê as horas no relógio vizinho.
Mas, ai, não é tarde nem cedo.
Ele, que venceu, está sòzinho.

Venceu quem? Venceu o quê? Venceu os outros
Os outros, os que o queriam vencer!
Arruinou-os, matou-os aos poucos.
Então não o queriam lá ver?

Sim, reage: Esta noite a Leonor
amanhã de manhã o Sàlemos
e depois? Ah o novo motor
veremos veremos veremos

Mas pouco do que diz tem sentido.
Tudo hoje lhe é vago uniforme miudinho.
O homem que venceu está vencido.
O dinheiro tapou-lhe o caminho.

Os filhos? esperam que ele morra.
A mulher? espera que ele morra.
O sócio? Pede a Deus que ele morra!
Só a Anita não quer que ele morra!

Ai, maldita carne, murmura
vendo a água que há no saguão.
Tinha demasiada gordura!
E veste o casaco e o gabão.

Passa os olhos pelo lenço. Acabou-se.
Vai sair. Talvez vá jantar?
É inverno. Lá fora, faz frio.

O homem que venceu matou-se
na margem mais escura do rio
ao volante dum belo Packard

segunda-feira, 27 de abril de 2020

NEVOEIRO - Fernando Pessoa


 
  NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora


 Fernando Pessoa

domingo, 26 de abril de 2020

AVANTI POPOLO em dias de COVID


 

AVANTI POPOLO


Avante povo, ao combate
Bandeira vermelha, bandeira vermelha
Avante povo, ao combate
Bandeira vermelha triunfará

Bandeira vermelha triunfará
Bandeira vermelha triunfará
Bandeira vermelha triunfará
E Viva o comunismo e a liberdade

Não mais inimigos, não mais fronteiras
São esses os limites da bandeira vermelha
Proletários, ao combate
Bandeira vermelha triunfará
*
Avanti o popolo, alla riscossa,
Bandiera rossa, bandiera rossa
Avanti o popolo, alla riscossa,
Bandiera rossa trionferà.

Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Evviva il comunismo e la libertà!

Degli sfruttati l'immensa schiera
La pura innalzi, rossa bandiera,
O proletari, alla riscossa
Bandiera rossa trionferà.

Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Il frutto del lavoro a chi lavora andrà.

Dai campi al mare, alla miniera,
All'officina, chi soffre e spera,
Sia pronto, è l'ora della riscossa.
Bandiera rossa trionferà.

Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Soltanto il comunismo è vera libertà.

Non più nemici, non più frontiere,
Sono i confini rosse bandiere.
O comunisti, alla riscossa,
Bandiera rossa trionferà.

Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Evviva il communismo e la libertà!

Grândola Bidda Morisca