Frase inscrita no memorial aos
Mártires de Chicago na
Revolta de Haymarket de 4 de Maio de 1886
Para vós o meu canto...
Para vós o
meu canto, companheiros da vida!
Vós, que
tendes os olhos profundos e abertos,
vós, para
quem não existe batalha perdida,
nem
desmedida amargura,
nem aridez
nos desertos;
vós, que
modificais um leito dum rio;
- nos dias
difíceis sem literatura,
penso em
vós: e confio;
penso em mim
e confio;
- para vós
os meus versos, companheiros da vida!
Se canto os
búzios, que falam dos clamores,
das pragas
imensas lançadas ao mar
e da fome
dos pescadores,
- penso em
vós, companheiros,
que trazeis
outros búzios para cantar...
Acuso as
falas e os gestos inúteis;
aponto as
ruas tristes da cidade
a crivo de
bocejos as meninas fúteis...
Mas penso em
vós e creio em vós, irmãos,
que trazeis
ruas com outra claridade
e outro
calor no apertar das mãos.
E vou
convosco. - Definido e preciso,
erguido ao
alto como um grito de guerra,
à espera do
Dia de Juízo...
Que o Dia do
Juízo
não é no
céu... é na Terra!
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