domingo, 13 de setembro de 2009

A guerra das palavras


A guerra das palavras aí está no palco eleitoral e para melhor ser compreendida transcrevo de “A Intoxicação Linguística”[DERIVA] de Vicente Romano a pág. 11 do Primeiro Capítulo.

«Numa entrevista concedida no Outono de 1952 ao New York Times, Albert Einstein explicava por que não podia ser criadora de ciência a pessoa carente de visão do mundo e de consciência histórica. Não basta ensinar uma especialidade, afirmava. Dessa forma até se pode ser uma máquina proveitosa, mas nunca uma pessoa valiosa. O que importa é perceber aquilo a que vale a pena aspirar. De outra forma, com todo o conhecimento especializado, fica-se mais parecido com um cão treinado do que com uma personalidade harmonicamente dotada.

O cientista tem de conhecer as motivações dos seres humanos, aprender a conhecer as suas aspirações e as suas dores, adquirir uma atitude correcta diante do próximo e da comunidade. (Albrecht, 1979:9)

Estas preciosas qualidades adquirem-se no contacto entre as pessoas e não apenas nos livros de texto e através da especialização precoce. Isto é o que constitui, essencialmente, a cultura.

Entre os traços fundamentais de uma educação conta-se o desenvolvimento de uma consciência crítica nos jovens, um pensamento que conduza a uma vontade democrática. Perante isto, caberia questionar: a) se a crescente especialização implica o distanciamento dos cientistas e especialistas relativamente à filosofia; b) que contributo dão hoje os cientistas para o desenvolvimento de uma imagem efectivamente cientifica do mundo. (5)

Quanto melhor se entenda a relação entre cosmovisão, pensamento e conhecimento, tanto mais se facilitará a compreensão do devir histórico desta relação. “Mas o pensamento teórico” – apontava Engels na Dialéctica da Natureza – “não é uma qualidade inata, segundo a disposição. É preciso desenvolver, educar essa disposição e para tal educação não existe até hoje melhor recurso do que o estudo da filosofia. O pensamento teórico de cada época, e também o da nossa, é um produto histórico que adopta formas e conteúdos muito diferentes em tempos diferentes. A ciência do pensamento é, pois, como qualquer outra, uma ciência histórica, a ciência do desenvolvimento do pensamento humano”.

A linguagem, como terrorismo, dirige-se aos civis e gera medo, exerce violência simbólica ou psicológica. Produz efeitos que vão para além do significado. As palavras são como doses minúsculas de veneno que podemos engolir sem nos darmos conta. À primeira vista não parecem provocar efeito, mas ao fim de um tempo acaba por manifestar-se a reacção tóxica. “O homem é tão propenso ao efeito hipnótico dos lemas como às doenças contagiosas”, dizia Köestler. A mais letal das armas é a linguagem. Sem palavras nãoguerra

(5) A recente (2007) disposição governamental – de um Executivo auto-denominado socialistaque suprime a específica de Filosofia no final dos estudos pré-universitários em Portugal dir-nos-á muito sobre este crucial ponto sublinhado por Vicente Romano (NT).

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