quinta-feira, 5 de julho de 2012

CARL SANDBURG

 CARL SANDBURG

1878 - 1967


 OPERÁRIAS

As raparigas operárias que de madrugada vão para
     o
trabalho, caminham em longas filas entre as
    
lojas e as fábricas da cidade baixa. São milhares.
     Trazem
debaixo do braço o almoço embrulhado
    
em papel de jornal.
Todas as manhãs, quando me cruzo com este rio de
    
jovens vidas femininas, pergunto a mim mesmo
    
para onde vai ele, para onde vão faces aveludadas
     de
juventude, risos de lábios róseos e recordações,
    
nos olhos, das danças da noite anterior, de
    
brincadeiras e passeatas.
Verdes e cinzentas correntes vão lado a lado no
    
mesmo rio: também aquisempre as outras,
     as
que concluíram a vida, as que conhecem
     o
fim do jogo que é a vida, o sentido que ela tem,
     o
do problema, o como e o porquê das danças
     e dos
dedos que lhes acariciaram os cabelos.
Passam caras e nelas está escrito: "Sei tudo, sei onde
    
vão acabar a frescura e o riso. Tenho as minhas
     recordações", e caminham
com pés mais
    
vagarosos: mostram experiência em lugar da
    
beleza que as outras ostentam.
Assim o verde e o cinzento correm misturados, de
     manhãzinha, pelas
ruas da cidade baixa.

Carl Sandburg
trad. Alexandre O'Neill

 
A GRADE

Agora, a mansão à beira do lago está
        concluída, e os
trabalhadores estão
        começando a
grade.São barras de ferro com pontas de aço, capazes
        de
tirar a vida de qualquer um que se
        arrisque
sobre elas.Como grade, é uma obra-prima e impedirá a
       
entrada de todos os famintos e vagabundos
        e de todas as
crianças vadias à procura de
       
um lugar para brincar.Entre as barras e sobre as pontas de aço nada
        passará,
exceto a Morte, a Chuva e o Dia de
       
Amanhã.
Carl Sandburg
Tradução: Carlos Machado

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