quarta-feira, 27 de março de 2013

Caminhemos Serenos

          Papiniano Carlos


Caminhemos Serenos

Sob as estrelas, sob as bombas,
sob os turvos ódios e injustiças,
no
frio corredor de lâminas eriçadas,
no
meio do sangue, das lágrimas
caminhemos
serenos.

De
mãos dadas,
através da última das ignomínias,
sob o negro mar da iniquidade
caminhemos
serenos.

Sob a fúria dos ventos desumanos,
sob a treva e os furacões de fogo
aos
que nem com a morte podem vencer-nos
caminhemos
serenos.

O
que nos leva é indestrutível,
a
luz que nos guia connosco vai.
E
que o cárcere é pequeno
para o sonho prisioneiro,

que o cárcere não basta
para a ave inviolável,
que temer, ó minha querida?:
caminhemos
serenos.

No
pavor da floresta gelada,
através das torturas, através da morte,
em busca do país da aurora,
de
mãos dadas, querida, de mãos dadas
caminhemos
serenos.

Sem comentários: