Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
-- Tirava os
brincos do prego,
Casava c’um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
-- (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
-- Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha
vida
Não fosse senão poesia?
-- Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
* * *
Comunicado pelo Engenheiro Naval
Sr. Álvaro
de Campos em
estado
de inconsciência
alcoólica
O binómio de Newton
é tão belo
como a Vénus de Milo.
O que
há é pouca gente
para dar por isso.
(Álvaro de Campos)
óóóó---óóóóóóóóó---óóóóóóóóóóóóóóó´
(O vento lá fora)
Álvaro
de Campos
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