Fernando
Pessoa
A mulher
que chora
baixinho
A mulher que chora baixinho
Entre o ruído da multidão em vivas…
O
vendedor de ruas, que tem um pregão esquisito,
Cheio
de individualidade para quem repara…
O arcanjo
isolado, escultura numa catedral,
Syringe
fugindo aos braços estendidos de Pan,
Tudo isto
tende para o mesmo centro,
Busca
encontrar-se e fundir-se
Na
minha alma.
Eu
adoro as coisas
E o meu
coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho
pela vida um interesse ávido
Que
busca compreende-la sentindo-a muito.
Amo
tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos
homens e às pedras, às almas e às maquinas,
Para aumentar
com isso a minha personalidade.
Pertenço
a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a
minha ambição era trazer o universo ao colo
Como
uma criança a quem a ama beija.
Álvaro de Campos
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