25 de Abril
A muitos
bastou a solução
barata
.........
De ir para a repartição
De barba
por fazer
E sem
gravata
Quando a mão-de-obra
mete as mãos
à obra
que falta?
que sobra?
uma volta
à chave
o dedo
inquieto
que o raio dispara
o nobre
sem sorte
o verdete amargo
na senda
(???) da cobra
achada no escombro
pender a cabeça
e não
achar ombro
estender a mão
e não
achar faca
senão a que corta
a meia
torrada
e o café
deserto
no peso
da tarde
regalo da mosca
no sono
do velho
que pediu conselho
por dez mil ou mais
pois tem o cartão
o sessenta e cinco
que comprou depois
de apertar
o cinto
Nada mais que um cabelo é a fronteira
entre o país da liberdade
e o espaço
onde até mesmo os astros são poeira.
Num e noutro me
arrisco. Vim tão cedo
que só existo inteiro
quando passo
pelas fronteiras
nítidas do medo.
Tudo tem de ser fruto do meu braço.
Nem o desastre cedo.
Sim
Podem encontrar-me
à porta
da igreja
a pedir
esmola a viúvas recentes
e velhas pensionistas
dois anos de mesa
de café
agradecendo a bica
de amigos
antigos
dizendo "cá
vamos indo,
não há-de ser nada,
estou à espera..."
agradecendo a bica
de amigos
antigos
dizendo "cá
vamos indo,
não há-de ser nada,
estou à espera..."
O olhar entre enfadado e desgostoso
o cheiro
da miséria a soprar
para longe
dois anos a fazer-me encontrado
a mandar
Boas Festas a deixar
recados
"não
posso deixar o número
tem havido avaria,
isto hoje
os telefones"
mensagens em garrafas
recolhidas porventura
na Tasmânia
a pedir
seja o que for
a agradecer
coisa nenhuma
a informar
que vendo horas
de escrita
pela tarifa de caboverdianas da limpeza
Agora, pois, podem encontrar-me
à porta
da igreja. Um
sítio abrigado
um pouco frio, porém. Mas a gente que entra
e sai raramente não
deixa o seu
óbolo (boa palavra
esta), às vezes um
queque
já sem bicos que o menino
chuchou.
Tudo se
aproveita.
Às vezes
há música lá
dentro.
Vasco Costa
Marques
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