OS BÁRBAROS JÁ
CHEGARAM
Por que não vêm os dignos
oradores
Derramar o seu
verbo como
sempre?”
KAVÁFIS
Os bárbaros já chegaram e se tornaram
invisíveis em suas sinecuras,
com suas túnicas rubras, azuis, furta-cores
— chegaram sem resistência.
Chegaram os bárbaros
com sua
declamatória fortuita
e sua eloquência
gratuita
pregando uma democracia
de simulacros
e semelhanças
neutralizantes
ocultando as diferenças.
A eles entregaremos nossos
cérebros jubilosos
nossas cabeças decapitadas em
bandejas
às hostes recrutadas nos
subúrbios sombrios
para
amedrontar-nos e sujeitar-nos
ao moralismo mais pedestre e pedante.
Assumir o anonimato
do mais reles existencialismo
esperando ventos admonitórios
que hão de vir, acreditemos.
“Amargamente
por nós
choram Príamo e Hécuba”.**
Antonio
Miranda
Chácara Irecê, Goiás, 16/07/2006
*
qualquer de nós,
a qualquer tempo.
**
Príamo, rei ancião
e Hécuba, sua segunda
esposa, assistindo à invasão de Tróia.
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