O VIAJANTE CLANDESTINO/III*
Este é o local, o dia, o
mês, a hora.
O jornal ilustrado aberto
em vão.
No flanco esquerdo, o medo
é uma espora
fincada, firme, imperiosa.
Não
espero mais. Porquê esta
demora?
Porquê temores, suores?
Que vultos são
aqueles, além? Quem vive
ali? Quem mora
nesta casa sombria? Onde
estão
os olhos que espiavam
ainda agora?
O medo, a espora, o
ansiado coração,
a noite, a longa noite
sedutora,
o conchego do amor, a tua
mão…
Era o local, o dia, o mês,
a hora.
Cerraram sobre ti os muros
da prisão.
Daniel
Filipe - 1973
*[Viver esta angústia para sentir o poema]
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