SONETO
A cruz dizia à terra onde assentava,
Ao val florido, ao monte nu e mudo
“– Que és tu, abismo e jaula, aonde tudo
Vive na dor e em luta cega e brava?
Sempre em trabalho, condenada escrava,
Que fazes tu de grande e bom contudo?
Resignada, és só lodo, informe e rudo;
Revoltosa, és só fogo e hórrida lava...
Mas a mim não há alta e livre serra
Que me possa igualar! Amor, firmeza,
Sou eu só -sou a paz... tu és a guerra!
Sou o espírito, a luz! tu és tristeza,
Ó lodo escuro e vil!...” Porém a terra
Respondeu: - “Cruz, eu sou a Natureza!”
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