CHAMADA DA TUMBA
Em memória do massacre de Kafr Kassem [29 de outubro 1956]
I
Minha morte aconteceu há oito anos
Tenho a mesma idade de meu pai
Chamamos a todos os viventes
A todos os que querem viver por muito tempo
Sobre a terra
Não debaixo dela
A todos os que querem
Que o trigo madure em seu campo
Semear e colher
Que a massa fermente em seus lares
Fazer o pão e comê-lo
Nós lhes pedimos: não durmam
Se querem viver por muito tempo
Sobre a terra
Não debaixo dela
Montem guarda... aqui o sol é de barro e miséria
Nossa idade se conta em anos de morte
Minha morte aconteceu há oito anos
Tenho a mesma idade de meu pai
II
Dizemos-lhes
Não queremos sobre nossas tumbas
Nem água nem flores
Nada está vivo aqui
Apenas os casulos de víbora e os vermes
Dizemos-lhes
Não queremos roupas de luto
Não há na tumba outra cor
Que a preta
Dizemos-lhes
Não queremos canções tristes
Intermináveis
Dormimos aqui
E nosso retorno é impossível
Dizemos-lhes
Cantem pela terra que permanece
Rebelem-se
Ensinem nossa história sombria
Aos filhos
A fim de que nosso sangue
Permaneça na bandeira dos criminosos
Como sinal de catástrofe
Pedimos-lhes
Protejam os fracos das balas
Para que os que vivam fiquem salvos
E os que nascerão no futuro
Ainda goteja a fonte do crime
Obstruam-na
E permaneçam vigilantes
Prontos para o
combate
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