terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Entrevista

Vi, revi e tornei a ver, a entrevista feita por Mário Crespo a Arménio Carlos que, além do conteúdo, apresenta duas posturas distintas.

O entrevistador surge-nos acaçapado, de verbo untuoso de onde escorrem vocábulos de emboscada, frases viperinas e as clássicas questões extraídas de velhas sebentas ideológicas desfasadas da realidade. Procurando de modo sibilino, mas sem resultado, enredar o entrevistado, Crespo incorpora a imagem de alguém que leva um recado e não se sente à-vontade ao enfrentar o destinatário. Um Crespo crispado, deitando óleo no seu desconforto para refrear a encrespação.

O entrevistado é alguém que pela fisionomia e postura física manifesta a vontade de ir à peleja. Responde com fluência e convicção, investe e toma o lugar do entrevistador obrigando-o a aceitar os seus argumentos.

Arménio Carlos representa e responde pela classe a que pertence. Os trabalhadores têm nas suas estruturas de classe quadros conhecedores e combativos.
Não estão sós.

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