Hans Magnus
Enzensberger
a merda
como
se ela
tivesse culpa
de tudo.
vejam
só
como
suave
e modesta
ela
que
se senta debaixo
de nós!
porquê
conspurcarmos então
o
seu
bom
nome
e
o emprestamos
ao
presidente
dos usa,
aos
chuis, à guerra
e
ao capitalismo?
que
efémera ela
é,
e
aquilo
a que
damos o seu
nome
que
duradouro!
ela,
a flexível,
anda
na nossa
boca
e
referimo-nos aos exploradores.
ela,
que
nós
esprememos,
terá
agora
que
exprimir
ainda
a
nossa
raiva?
não
nos
aliviou?
de
mole
consistência
e
singularmente
mansa
é
de todas as obras
do homem
provavelmente
a mais
pacífica.
que
mal
é que
ela
nos
fez?
Hans Magnus
Enzensberger
(Poemas Políticos)
Tradução de Almeida Faria
Publicações Dom Quixote, 1975
(original de gedichte
1971)
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