domingo, 25 de novembro de 2012

Najwân Darwish



um pouco de jazz

ó tu, cônsul negro de uma civilização branca como uma mortalha
ó
tu, cônsul branco de uma civilização de carvão
haverá uma
cor terceira com quem eu possa falar?
ou devemos implorar-te, como criadas bem educadas, para nos permitires viajarmos,
o
que fazer para que te agradem estas caras que o Senhor traçou?
ou dançaremos nós diante das embaixadas a noite toda, acenderemos nós um fogo à maneira das tribus zulu?
ou quereis que nos deitemos com as vossas velhas para provarmos as nossas boas intenções?
ou assinamos os contratos de inocência da História
ou desinfectamos a memória com Dettol
ou queimamos o livro “Orientalismo” e as nossas mães “atrasadas” – com gasolina – e rimos.
ou tocamos um pouco de jazz para a tua mulher?

ó
tu, cônsul
as nossas
caras derreteram e nós para e para e estamos perante os teus olhos perscrutadores e as tuas experientes secretárias, mais excelentes que cães-polícia...
estas
caras cujos traços apagastes com as vossas tendências experimentais perseguir-vos-ão em pesadelos durante sete gerações pelo menos

ó
tu, cônsul
este poema perseguir-te-á a ti em particular.
Najwân Darwish
Tradução do árabe: André Simões

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