VI - Candidatos Gulosos
Nós, os gulosos, temos mais olhos que barriga.
Orgulhamo-nos disso.
Cerbero nos espera, lá no terceiro círculo, não com uma cabeça,
Mas com três, de cinco olhos em cada uma, nada menos,
Soltando guinchos que assustariam as almas sensíveis
Se não as protegesse o gigante Belzebu, todo nariz e boca,
Cujas tripas lhe nascem na boca (o cheiro daquela boca!)
Que não serve para sorrir, serve só para comer
Sem mastigar, para sorver, tragar e devorar.
Nos jantares mais formais, ao encherem os pratos,
Ao enfardarem até não caber mais,
Ao falarem antes de terem engolido,
Ao pegarem nos talheres como animais,
Alguns de nós não voltarão a ser convidados.
Tanto lhes faz. Fazem como o trifauce Cerbero
Cujas goelas, em trindade, nunca estarão saciadas.
Seguem o exemplo da grandeza inalcançável
De Nosso Senhor Belzebu, o grão-patrão da gula.
Cerbero nos espera, lá no terceiro círculo, não com uma cabeça,
Mas com três, de cinco olhos em cada uma, nada menos,
Soltando guinchos que assustariam as almas sensíveis
Se não as protegesse o gigante Belzebu, todo nariz e boca,
Cujas tripas lhe nascem na boca (o cheiro daquela boca!)
Que não serve para sorrir, serve só para comer
Sem mastigar, para sorver, tragar e devorar.
Nos jantares mais formais, ao encherem os pratos,
Ao enfardarem até não caber mais,
Ao falarem antes de terem engolido,
Ao pegarem nos talheres como animais,
Alguns de nós não voltarão a ser convidados.
Tanto lhes faz. Fazem como o trifauce Cerbero
Cujas goelas, em trindade, nunca estarão saciadas.
Seguem o exemplo da grandeza inalcançável
De Nosso Senhor Belzebu, o grão-patrão da gula.
Almeida Faria
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