quinta-feira, 11 de abril de 2013

Balada dos Cãotribuintes - Boris Vian

Balada dos Cãotribuintes


Somos nós os desventurados
Os
pobres contribuintes
Obrigados a sofrer até ao fim dos tempos
A
sorte a que imper
A
que imperturbáveis
Nos condenam os nossos go
Todos os nossos governos
Se
meteres cem francos de gasolina
Oitenta
vão para o Estado
Olha cheio de concupiscência
Os Cadillac...
Olha pra outro lado
No
teu dois cavalos de brincar
Saltita ao
longo dos caminhos
É uma
sorte poderes circular
Amanhã vão-to proibir
Taxa sobre o álcool e a cerveja
Sobre os definitivos e os provisórios
Sobre o triste celibatário
Castigado
por ser um
Controlam-te
todos os passos
Ah compraste
um belo naco
Tudo corre às mil maravilhas
Paga guloso paga prò saco

Refrão

Numa bandeja o Estado dá-te
Um prato... apanhas um desgosto
Está
vazio E tu admiras-te
Mas é o prato do imposto
Tu passeias pela vida
De
peito feito cheio impante
Cuidado com o imposto sobre a energia
É
para ontem... ou mesmo antes
Um belo dia sobre o oxigénio
Ligar-te-ão o
contador
Tarifa simples o ar do Sena
Tarifa dupla o ar da serra
Eis porém que tu te fartas
Preferes
andar aos caídos
Ou tornar-te engolidor de facas...
Taxa de engolidor acrescentada

Refrão

Um remédio o casamento
Dizes de
súbito e corres
À
procura de uma rapariga séria
Que saiba de amor e de comes
Apressas-te e calculas
Que ao fim de doze filhos o abono
Do
teu rendimento minúsculo
Compensará a
escassez
Mas um inspector das Finanças
Põe-se a
badalar a ideia
E pare...
sem dor por minha
Um texto cheio de veia
Então a Câmara classifica-te
Como garanhão de cobrimento
Medem-te e tens a
mais
Pagas taxa sobre o comprimento

Refrão

Se pagasses para alguma coisa
Sempre tinhas uma justificação
Mas infeliz daquele que ousa
Perguntar pr'onde vai o cifrão
Temos
estradas miseráveis
Nãoescolas mas padres
Acabou o
bom vinho há carrascão
Mas fornecem-nos o puré
O
governo da França
Republicano —
ou que assim diz que é —
um prato oferece com abastança
O
frango... pilim para o arroz
E
para evitar a falência
Dos
pobres vendedores de canhões
Faz-se uma
guerra do para a mão
A
guerra não se diz que não...

Mas nós os pobres cães os pobres contribuintes
Virá
um dia em que de pau em punho
Nos consolaremos a limpar o redil
Onde os nossos seiscentos porcos estão maduros para o enchido



Boris Vian, in "Canções e Poemas"
Tradução de Irene Freire Nunes / Fernando Cabral Martins
[este texto tem cinquenta anos…]



CON-PLAINTE DES CON-TRIBUABLES

"C'est nous les pauvres gens
Les pauvres contribuables
Obligés de
subir jusqu'à la fin des temps
Le sort auquel imper
Auquel imperturbables
Nous condamnent nous gou
Tous
nos gouvernements.

Si tu t'offres cent francs d'essence
Y en a quatre-vingts pour l'Etat
Regarde avec concupiscence
Les Cadillac...C'est pas pour toi
Dans ta deux chevaux ridicule
Sautille le long des chemins
Encore heureux
si tu circules
On va t'en empêcher demain
Taxe sur l'alcool et la bière
Sur la gauloise et le pétun
Sur le
triste célibataire
Qui est puni de n'être qu'un
On
te contrôle, on te surveille
Ah !
Tu t'achètes du gigot !
C'est donc
que tout marche à merveille
Paie, goinfre ! paie à
gogo.

Sur un plateau, l'Etat
te donne
Une assiette...C'était trop beau
Elle est
vide. Et toi, tu t'étonnes ?
Mais c'est l'assiette de l'impôt.
Tu te promènes dans la vie
Le torse bombé, plein d'allant
Gare à l'impôt sur l'énergie
C'est pour hier...
ou même avant
Un beau jour, sur ton oxygène
On
te branchera ton compteur
Simple tarif, l'air de la Seine
Double tarif, l'air des hauteurs
Voilà pourtant
que tu te cabres
Tu préfères mendigoter
Ou te faire avaleur de sabres...
Taxe à l'avaleur ajoutée.

Un remède, le mariage
Te dis-tu soudain, et tu cours
Te chercher une fille sage
Sachant la cuisine et l'amour
Tu te dépêches, tu calcules
Qu'à douze enfants, l'allocation
De ton revenu minuscule
Palliera la modération
Mais un inspecteur des Finances
Evente le truc avant toi
Et d'un texte plein d'élégance
Accouche...sans douleur ma foi
Désormais la mairie
te classe
Comme étalon reproducteur
On
te mesure, et ça dépasse !
On
te taxe sur la longueur.

Si tu payais pour quelque chose
Tu te ferais une raison
Mais malheur à celui qui ose
Demander où va son pognon
On a des routes dégueulasses
Pas d'écoles,
mais des curés
Plus de bon vin, de la vinasse
Mais on nous fournit la purée
Le gouvernement de la France
Républicain -
ou qui le dit -
N'offre qu'un plat en abondance
Le poulet...tintin pour le riz
Et pour éviter la faillite
Aux pauvres
marchands de canons
On fait la guerre à la va-vite
Le guerre, on ne lui dit pas non...
Mais nous les pauvres cons, les pauvres contribuables
Un jour s'en va venir où, la trique à la main
Nous nous consolerons en nettoyant l'étable
nos six cents cochons sont mûrs pour le boudin."
            

Boris VIAN


PEUT-ON CROIRE QUE CE TEXTE A CINQUANTE ANS ?


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