NATAL
Branca roupa
ao sol
Pirrulas na
mulemba
cantam
chuva.
Não há
estrela-guia
sol-caju
brilhando
pelos
caminhos antigos
pés gretados
batidos
vem todos.
... vovo
Bartolomé enlanguescido
em carcomida
cadeira acordado...
... sô Santo
subindo a
calçada
a mesma
calçada que outrora descia...
... Zito e
Dimingas
no
maximbombo da linha 4...
... Musunda
amigo
com a firme vitória da sua alegria...
E vê
vêm também
cheirando a
suor
as
buganvílias
a den den
Pedro
monangamba
olhos
abertos de amor
na mão e
cetro
a pá de
trabalhador
Pascoal
(Ué ainda
vivo velho Pascoal?!)
a vassoura
de mateba
a farda
cáqui
da Câmara
Municipal.
De Calumbo
o sol do
Cuanza
nos seios
caju
docinha
manga
trouxe Jana.
Vieram
também
também
vieram
algas verdes
na garganta
os três
magos da Ilha
– ngoma,
reco-reco e violão!
Branca roupa
ao sol
Pirrulas na
mulemba
Não havia
luar
porque a
noite já não era
estrela-guia
e do ventre
da mãe negra
o menino
nascia.
José Luandino Vieira
(1960)
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