quinta-feira, 21 de setembro de 2017

MALVADAS LÍNGUAS QUE DÃO FEL À FAMA - Natália Correia

MALVADAS LÍNGUAS QUE DÃO FEL À FAMA


Malvadas línguas que dão fel à fama
Dizem que nestes lúdicos quadrantes,
Os políticos querem é ter mama.
Como não hão-de querer se são lactantes?

Do tenro Alfaia o génio petroleiro
Já no berço os emires embasbacou.
Mal saltou o rebento do cueiro
Logo espantosa basta sobraçou.

Entre os gigantes sociais, um ás
Com chucha e birra na pueril veneta.
Todo o planeta assombra: é o Ferraz.
Como não há-de a CIP querer chupeta?

Muito a preceito dos cristãos fervores
Do CDS, o Lucas é o retrato
De um Menino Jesus entre os doutores
A meter Mestre Freitas num sapato.

Também o PSD lá nos seus topes
Um prodígio infantil com brio exibe.
É o pasmoso bebé Santana Lopes
Que PR há-de ser de arquinho e bibe.

Há ainda o Jaiminho que nas cristas
Do PS a singrar é mesmo um Gama.
Dá beliscões no Soares sem dar nas vistas.
Faça o que faça o puto não se trama.

Porém como o Marcelo neste mapa
A brincar aos cow-boys não há nenhum.
Passa rasteira: o mais subtil derrapa;
Dá ao gatilho da intriga e faz: pum-pum.

Onde os meninos de tudo são senhores
Forçoso é que da asneira haja fartura.
E se alguns deles são uns estupores,
É só por traquinice. É só candura.

In O Bisnau, nº 5. 1983



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