«PARA
MIM MESMO ERGUI…»
Para
mim mesmo ergui, não com as mãos, moimento:
a
estrada livre que o meu povo há-de trilhar.
Alexandre
não tem coluna erguida ao vento
que
erga a cabeça mais que o meu pilar.
Não
morrerei de todo – pois que no meu canto,
sem
corpo corruptível, soarei altivo.
E
o meu renome imenso durará enquanto
houver
na terra um poeta sobrevivo.
Da
minha fama o ruído a Rússia há-de varrer,
que
aos povos todos dela irá iluminando,
como
o kalmuk a estepe
cavalgando.
Serei
amado, e as gentes lembrarão mil anos
na
glória do meu verso o fogo que acendi:
como
cantei ser livre em tempo de tiranos
e
para os humilhados honra só pedi.
Ó
musa, nunca escutes mais que a um deus, tua arte,
impávida
aos insultos, ao louvor mais fria.
Sem
recompensas, canta, mas saibas calar-te
sempre
que um asno cruze pela tua via.
(Tradução
de Jorge de Sena)
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