Quando os meus irmãos voltarem
quando a minha mãe vier
e trouxer
os meus irmãos
iremos todos viver
para a estrada de catete.
havemos de construir com as nossas mãos
uma casita de adobe
bonita,
onde caberemos todos.
será vermelha,
toda coberta de capim,
vai ser fácil amassar
porque o barro já está tinto
de tanto, de tanto sangue
há tanto tempo a correr.
terá também um jardim
com rosas e buganvílias.
vai ser fácil
pois mesmo que a chuva tarde
serão regadas
com lágrimas caídas
dos olhos de todos nós.
quando a minha mãe vier
e trouxer
os meus irmãos
iremos todos viver
para a estrada de catete.
e jantaremos mufete...
e beberemos quissângua
que vos virá do bié.
e dormiremos na esteira
embalados pela brisa
que soprará no musseque.
descansaremos
do longo caminho andado:
descansaremos
p'ra mais longa caminhada...
ah! quando a minha mãe vier
e trouxer os meus irmãos
será pequena a nossa casa bonita
(que eu tenho milhões de irmãos!)
quando a minha mãe vier
e trouxer
os meus irmãos,
iremos varrer
as cinzas dos que partiram à frente,
e cantar,
espalhar
a nossa alegria
pelas vertentes das serras,
pelas areias das dambas,
pelos vales,
pelos montes,
pela beirinha dos rios
junto às fontes.
havemos de cantar!...
ah! quando a minha mãe vier
e trouxer os meus irmãos,
arderá uma fogueira
à beira
de cada trilho
e o brilho
de cada estrela
será maior...
mãezinha, ouve o teu filho.
não tardes, mãe,
vem depressa...
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