terça-feira, 5 de dezembro de 2017

As empregadas fabris - JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES


As empregadas fabris

Arregaçam a manhã (as empregadas fabris)
pernas como tesouras
recortando a calçada
ferem o lenho da mesa com
sortes
de boletim. Uma sirene as trouxe aqui
(às empregadas febris)
ancas de esboço perfeito sob
vestes de operárias
tocam umas nas outras como se
ainda fossem meninas mas
a delas que vai noivar já
traz o primeiro a caminho. E
quando o cigarro se apaga
(ou a cerveja se escoa) o
que resta é a dor da tarde que
nem esta chuva afaga
o gasóleo dos rapazes que
lhes cantam a cantiga e
as tomam pela cintura.
Um foguete fecha a festa
(pelo lado de dentro da coxa)
há nelas a incerteza de
não saberem se são
incompletamente
infelizes.

JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES



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