21 de março
Dia
Internacional da Poesia
Desde outubro de
2004 que, semanalmente, envio a muitos dos meus amigos e conhecidos que prezo,
mais de cem endereços, um poema por mim selecionado acompanhado dos desejos de
um bom fim de semana. Modo singular de os recordar e expandir uma das mais
belas e antigas formas de expressar o que sentimos.
Militância que
me deixa tranquilo face aos poetas e à poesia assim como perante todos os que
semanalmente recordo.
Estes foram os
dois primeiros poemas enviados no dia 29 de outubro de 2004
NO REINO DO PACHECO
Às
duas por três nascemos,
às
duas por três morremos.
E
a vida? Não a vivemos.
Querer
viver (deixai-nos rir!)
seria
muito exigir…
Vida
mental? Com certeza!
Vida
por detrás da testa
será
tudo o que nos resta?
Uma
ideia é uma ideia
-
e até parece nossa! –
mas
quem viu uma andorinha
a
puxar uma carroça?
Se
à ideia não se der
o
braço que ela pedir,
a
ideia, por melhor
que
ela seja ou queira ser,
não
será mais que bolor,
pão
abstracto ou mulher
sem
amor!
Às
duas por três nascemos,
às
duas por três morremos.
E
a vida? Não a vivemos.
Neste
Reino de Pacheco
-
do que era todo testa,
do
que já nada dizia,
e
só sorria, sorria,
do
que nunca disse nada
a
não ser prá galeria,
que
também não o ouvia,
do
que, por detrás da testa,
tinha
a testa luzidia,
neste
Reino de Pacheco,
ó
meus senhores que nos resta
senão
ir aos maus costumes,
às
redundâncias, bem-pensâncias,
com
alfinetes e lumes,
fazer
rebentar a besta,
pô-la
de pernas pró ar?
Por
isso, aqui, acolá
tudo
pode acontecer,
que
as ideias saem fora
da
testa de cada qual
para
que a vida não seja
só
mentira, só mental…
(Poema puxa poema, lembrei-me de Jacques
Prévert.)
IL NE FAUT PAS…
Il ne faut pas laisser les intellectuels jouer avec les
allumettes
Parce que Messieurs quand on le laisse seul
Le monde mental Messssieurs
N’est pas du tout brillant
Et sitôt qu’il est seul
Travaille arbitrairement
S’érigeant pour soi-même
Et soi-disant généreusement en l´honneur des travailleurs
du bâtiment
Un auto-monument
Répétons-le Messssssieurs
Quand on le laisse seul
Le monde mental
Ment
Monumentalment.
In Paroles
Cerca de
setecentos poemas e mais de duzentos poetas foram por mim divulgados nestes
quase 15 anos.
A seleção dos poetas e
poemas nacionais ou estrangeiros é criteriosa, procurando boas traduções,
sempre que possível acompanhadas do original. O poeta é identificado com
fotografia e com um simples clique no nome acede-se ao seu historial.
Um trabalho agradável,
sendo eu o principal beneficiado, não só pela recolha do poema como
especialmente pelo modo pessoal de o endereçar. Estou convicto de que divulguei
autores esquecidos e para alguns destinatários poetas e poemas que
desconheciam, mas o principal mérito foi o de, embora em doses homeopáticas,
dar luz à poesia.
Esta minha experiência
serviu para aferir que o excesso banaliza, que os e-mails em catadupa
perdem personalidade, e o expedidor é tido como relay que nada
acrescenta à mensagem por melhor que seja. Esse
excesso afoga a curiosidade.
Reflexão que irei
aprofundar.
Entretanto,
publicados quase diariamente, já divulguei mais de 1700 poemas e muitíssimos
poetas no meu blog ‘voar fora da
asa’
que se encontra à disposição de quem o queira consultar.
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