Ode
à Paz
Pela
verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas
aves que voam no olhar de uma criança,
Pela
limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela
alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela
branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo
fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas
flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela
exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas
pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos
prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo
amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos
aromas maduros de suaves outonos,
Pela
futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas
entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas
lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam
os filhos para a torpeza da guerra,
Eu
te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó
Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com
tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com
o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre
as portas da História,
deixa
passar a Vida!
in "Inéditos
(1985/1990)"
1 comentário:
Não matem os pássaros
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