quinta-feira, 29 de abril de 2021

TESTAMENTO - José Gonçalinho de Oliveira

TESTAMENTO

 

Meu filho!…

- E à sua volta

O olhar anoitecente,

Já sem brilho,

Acende na luz dúbia e tonta

Uma chama de revolta

E a mão tremente

A custo aponta

A velha enxada

A arder

Como um clarão de espada!…

- Meu filho, (são assim os ganhões

Ao morrer!…)

Deixo-te a fome herdada

De nem eu sei já quantas gerações!…

 

José Gonçalinho de Oliveira

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