POEMA
Tirem a um homem suas vestes
– e ele fica nu;
um homem nu.
Que sofra sede e fome e dor
– e ele fica nu,
um homem nu com sede e fome e dor.
Que o seu passado lhe retirem,
a memória do que foi
– e ele fica nu,
um homem nu com sede e fome e dor,
incerto e ansioso.
E quando em sua volta as chamas ardam,
cordas o amarrem,
espadas o sangrem,
nu, com sede e fome e dor,
incerto e ansioso
o homem É,
enquanto olhar em frente
e em frente for o seu caminho.
Feito nas Cadeias do Aljube e do Forte de Caxias
8 de agosto a 3 de novembro de 1961
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