sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Llanto para Alfonso Sastre - José Carlos Ary dos Santos(Samuel)

Llanto para  Alfonso Sastre

 

 

Foi quando as madres terriveis

Levantaram a cabeça

Foi quando os sinos dobraram

Nas torres de Saragoça

 

Foi quando a Guarda Civil

Surgiu no brilho de aço

Que de novo se pintou

A Guernica de Picasso

 

Não eram cinco da tarde

Nem da noite ou da manhã

Era a hora de lutar

Pela Espanha de amanhã

 

Era a hora de acordar

A voz de Lorca e Machado

Era a hora de atacar

Com a foice e o arado

 

Não eram cinco da tarde

Nem da noite ou da manhã

Era a hora de lutar

Pela Espanha de amanhã

 

Algures na arena da esperança

Contra os cornos do fascismo

Um pocta abria a dança

Dos passos do heroismo

 

Suas palavras agudas

Feriam as carnes da besta

Pois jamais se quedam mudas

As vozes de quem protesta

 

Algures na arena da esperança

Contra os cornos do terror

Um poeta abria a dança

Das palavras que dão flor

 

Dizia amigo canção

Pátria alento humanidade

Dizia verdade e pão

Como quem diz liberdade

 

Não eram cinco da tarde

Nem da noite ou da manhã

Era a hora de cantar

Pela Espanha de amanhã

 

Foi então que do mais fundo

Do ódio do mal do medo

Irrompeu o berro imundo

De quem oprime e não cede

 

Choveram balas patadas

Correntes golpes mordaças

E palavras embrulhadas

Em insultos e ameaças

 

Chegaram ferros e facas

Uivos lampadas chicotes

Choques agulhas matracas

Baionetas e garrotes

 

Não eram cinco da tarde

Nem da noite ou da manhã

Era a hora de calar

Pela Espanha de amanhã

 

Algures na arena da esperança

Um poeta foi torturado

Sua alegria a vingança

Seu nome cantor soldado

 

Algures na arena da esperança

Um poeta foi torturado

Sua alegria a vingança

Seu nome cantor soldado

 

Não eram cinco da tarde

Nem da noite ou da manhã

Era a hora de cantar

Pela Espanha de amanhã.

 

José Carlos Ary dos Santos

 

G
M
T
Y
Text-to-speech function is limited to 200 characters

Sem comentários: