Bush é criminoso de guerra, diz Harold Pinter
08/12/05
ESTOCOLMO, Suécia " O dramaturgo e poeta britânico Harold Pinter, 75, fez um violento discurso contra os Estados Unidos na cerimónia de entrega, em Estocolmo, do Prêmio Nobel de Literatura de 2005.
Classificou a invasão do Iraque de "um ato de banditismo" e propôs que o presidente George W. Bush e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, fossem julgados como "criminosos de guerra".
Pinter, hospitalizado desde segunda-feira em Londres em razão de um câncer linfático, foi representado por seu editor na solenidade, em que lhe foi entregue um cheque de R$ 1,3 milhão. Seu discurso foi gravado domingo e projetado ontem para os presentes na Academia Sueca.
Numa cadeira de rodas e com a voz debilitada, ele leu por 46 minutos um texto em que traça uma analogia entre a verdade que é "compulsivamente procurada" pelo escritor para construir sua narrativa e a verdade evitada pelos políticos, que, em lugar dela, buscam apenas o poder.
Para que os políticos conservem o poder, disse Pinter, é preciso "que as pessoas sejam mantidas na ignorância", que elas sejam afastadas da verdade. Foi nesse ponto que ele iniciou uma longa e áspera acusação aos Estados Unidos e à sua política externa.
Disse que o presidente Bush mandou invadir o Iraque com base no pressuposto de que a ditadura de Saddam Hussein possuía arsenais de destruição em massa e operava em ligação com os terroristas da Al Qaeda.
Guerra
"A invasão (do Iraque, em 2003) foi uma ação militar arbitrária, inspirada
numa série de mentiras e na manipulação da mídia e do público", com o
objetivo, a seu ver, de consolidar a presença militar e económica dos Estados
Unidos no Oriente Médio.
Pinter disse que "ao menos 100 mil iraquianos morreram sob bombas e mísseis norte-americanos antes que começassem os atos da insurgência" contra os estrangeiros.
Os EUA, afirmou, não são signatários da convenção que criou o Tribunal Penal Internacional. O premeiro-ministro Tony Blair " que apoiou e participou das operações no Iraque " pode ser processado. "Podemos dar até o endereço dele, caso o tribunal esteja interessado. É na rua Downing, nº 10, em Londres".
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