Gravura
Ourives-gravador era o ofício
do meu avô paterno: sobre mesas
dispersos utensílios buris limas
por entre chapas e, há muito, objectos
acumulados; lembro-o curvado
com a luneta, fixamente olhando
a dura mão que no metal gravava
por encomenda nomes: desenhava com
força as linhas do seu significado
como se para alguma eternidade
ilusória as gravasse, assim o poeta
com o buril inscreve na deserta
chapa do mundo não interpretado
o sentido precário de o olhar
em “A moeda do tempo”. Lisboa:
Assírio & Alvim, 2006.
§
Sem comentários:
Enviar um comentário