A AURORA DISSOLVE OS MONSTROS
Ignoravam
que a beleza do homem é maior do que
o homem
Viviam para pensar pensavam para se
calarem
Viviam para morrer eram inúteis
Ocultavam a sua inocência na morte
Tinham posto em ordem
sob o nome de riqueza
sua miséria sua bem-amada
Mastigavam flores e sorrisos
Só encontravam um coração na ponta
das carabinas
Não percebiam a injúria dos pobres
Dos pobres amanhã sem problemas
Sonhos sem sol tornavam-nos eternos
Mas para que a nuvem se
transformasse em lama
Desciam deixavam de fazer frente ao
céu
A noite do seu reino a sua morte a
sua bela sombra miséria
Miséria para os outros
Esqueceremos estes inimigos
indiferentes
Em breve uma multidão
Repetirá baixinho a chama clara
A chama para nós dois unicamente
paciência
Para nós dois em toda a parte o beijo
dos vivos.
(in Algumas das Palavras,
traduções de António Ramos Rosa e Luiza Neto Jorge, Publicações Dom Quixote,
1969 / original de Le lit la table, 1944)
Sem comentários:
Enviar um comentário