Pasolini na
torre de chia. Foto de Deborah beer
“À minha nação”
Nem povo árabe, nem povo balcânico, nem povo
antigo,
mas nação viva, nação europeia:
que és tu? Terra de recém-nascidos, esfomeados,
corruptos,
governantes empregados de latifundiários,
prefeitos reacionários,
advogadinhos besuntados com brilhantina e com pés
sujos,
funcionários liberais, canalhas como os tios
beatos,
uma caserna, um seminário, uma praia livre, uma
confusão!
Milhões de pequeno-burgueses como milhões de
porcos
pastam empurrando-se junto aos pequenos prédios
ilesos,
entre casas coloniais degradadas já como igrejas
Precisamente por teres existido, já não existes,
precisamente por teres sido consciente, és
inconsciente.
E só por seres católica, não podes pensar
que o teu mal é todo o mal: culpa de todos os
males.
Afunda-te neste teu belo mar, liberta o mundo.
tradução: João Coles
“Alla mia nazione”, in La religione del mio
tempo, Garzanti, Milano
ALLA MIA NAZIONE
Non popolo arabo, non popolo balcanico, non
popolo antico,
ma nazione vivente, ma nazione europea:
e cosa sei? Terra di infanti, affamati, corrotti,
governanti impiegati di agrari, prefetti codini,
avvocatucci unti di brillantina e i piedi
sporchi,
funzionari liberali carogne come gli zii bigotti,
una caserma, un seminario, una spiaggia libera,
un casino!
Milioni di piccoli borghesi come milioni di porci
pascolano sospingendosi sotto gli illesi
palazzotti,
tra case coloniali scrostate ormai come chiese.
Proprio perché tu sei esistita, ora non esisti,
proprio perché fosti cosciente, sei incosciente.
E solo perché sei cattolica, non puoi pensare
che il tuo male è tutto
il male: colpa di ogni male.
Sprofonda in questo tuo bel mare, libera il
mondo.
“Alla mia nazione”, in La religione del mio
tempo, Garzanti, Milan
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