Manifesto
Poesia não te peço trigo
pois sei que não és seara
e nem ao menos és terra.
Quero-te só cotovia
no espesso dos trigais
e canto da madrugada.
Não podes servir de pão
a quem outro não tiver.
Podes uivar e chorar
ser o grito de esfaimados
bandeira de barricadas
cólera das nossas veias
mas não és terra ou seara
Nem balas nem espingardas.
Quero-te só cotovia
Íntima voz do meu sangue.
(1967), em "Uma voz cheia de vozes".
Maputo: Editorial Ndjira, 2015.
Sem comentários:
Enviar um comentário