São pedras
Por cima desta faixa de cinza
haverá poeta capaz
de construir um jardim
chamar as crianças e entregar-lho?
Como desenhar um arco-íris
do terror à lágrima
num céu sempre noturno
riscado por bombas
em lugar de estrelas
Refugiadas nas pupilas
das crianças mortas
estrelas gelam
São pedras
E as pedras armas
e as armas bombas
e as bombas ódios
e os ódios
estilhaços nos olhos dilatados
das crianças mortas
Haverá poeta capaz
de plantar uma árvore
no peito dos homens
chamar as aves e entregar-lha?
Haverá ave
capaz de cantar ainda
dentro do coração inorgânico
dos senhores da guerra?
Lídia
Borges
in “Searas de Versos”
(poema
amavelmente cedido porque não o consegui surripiar.)
Sou um
José do Telhado da poesia,
roubo para dar a quem dela
necessite.
Avisem a polícia
ou internem-me como
cleptómano.
2 comentários:
Os amigos são para as ocasiões
e...
ainda bem que há ladrões
A Lídia é poeta
nas horas todas
Obrigada!
Não prendo/escondo a poesia de quem quer fazer bom uso dela,tento salvá-la de quem a não merece.
Sou "fã" do Zé do Telhado... :)
Lídia
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