Os ceifeiros
[tradução
de António de Macedo/Carlos Oliveira]
“in Poemas
MAIO trabalho,
luta – edições
Avante!”
Curvados sobre
a terra,
não sei se o esplendor
do trigo
e das papoilas
vos acende nos olhos alegria bastante
quando o sol não é só luz
mas uma carga brutal que se abate
sobre o vosso dorso.
Com a foice na mão, quando o sol é apenas fogo
e meditais no vosso
esforço, na abundância
das espigas,
no vosso
pão minguado,
talvez uma praga
vos suba
à flor
dos lábios.
Com o eco remoto das histórico, das lendas,
procurareis reavivar
as profecias
que se vos enraizaram no sangue.
E à hora
do sol-pôr,
a caminho
das eiras,
continuais a repetir:
bom golpe
de foice!
«Bom
golpe de foice!»
e não
temos a menor ideia
de como
as palavras nos
vieram despertar.
«Bom
golpe de foice!»
como quem dá os bons-dias
«Bom
golpe de foice!»
Na oficina,
na mina, nos
andaimes,
alguém ousou gritar: «bom golpe de foice!»
Bom golpe de foice,
se nos regateiam o trigo,
bom golpe de foice!
Félix Cucurull
2 comentários:
Excelente memória viva
Excelente memória viva
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