quarta-feira, 29 de março de 2017

De mãos no feno pela tarde inteira... - Eduardo Valente da Fonseca


a ver o tempo correndo no arado,
fomos a descobrir a vida do outro lado
da própria vida que nos é estrangeira.
Vivemos milho, suor, frescura de água,
demos as mãos, vimos flores, falámos
com os homens, mulheres, crianças, tudo,
que vimos removendo admirados
a terra e o seu húmus fundo e mudo.
As nossas mãos correram peles de gado
perderam-se no milho feito grão,
bebemos vinho novo, conversámos
sentados pela erva ou sobre o barro
do nosso mesmo chão.


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