SONETO
Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos
meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha
dor a tua, pensamento.
Hei-de
cantar-vos a beleza um
dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro,
da noite
que nos
cerca como
um muro,
e chegares
a teus reinos,
alegria.
Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza
o vinho da vingança.
A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem
confia a própria dor
perscruta,
maior glória tem em ter esperança.
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