ESTAR OU NÃO ESTAR
Deus nem
sempre dorme. Como os homens
preza o seu
momento eterno. Às três da manhã
segue no
rasto da minha insónia e abre-me
os céus como
quem escancara as portas
da casa a um
velho amigo. Deus existe,
mesmo no
chão é possível tocar-lhe. Deu-nos
o vómito e a
náusea, o sono e a fuga.
Ser ou não
ser, eis uma falsa questão
do ponto de
vista deste filósofo
de Domingo.
A estar ou não estar
se resume o
meu problema:
ontológico
ou topográfico, não sei bem,
nem me
preocupa muito.
Deus existe
no que é e no que não é,
bode
expiatório por acção ou omissão.
Tudo isto
que apodrece
nada tendo a
ver comigo
só pode ter
sido culpa dele.
fernando de castro branco
Fernando
de Castro Branco (Duas Igrejas, 1959). Professor, poeta e ensaísta. Publicou
Poética do Sensível em Albano Martins (2004), Alquimia das Constelações (2005),
O Nome dos Mortos (2006), Biografia das Sombras (2006), Estrelas Mínimas
(2008), Plantas Hidropónicas (2008), A Carvão – Poesia Reunida (2009). Também
publicou poemas e ensaios em revistas literárias e antologias temáticas dentro
e fora do país.
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