A cidade habitável
Resista. Exista. Encontre entre os seus afetos a cidade habitável.
Organize a solidariedade. Cuide dos seus, teça redes.
Compartilhe o prato de comida quando falta.
Prolongue o seu abraço. Deixe-se abraçar e peça-o quando necessitar.
Querem-no prostrado. Querem-no assumindo-se impossível. Querem-no morto por dentro e escravo.
Grite quando necessitar. Murmurar faz mal à alma e aos dentes.
Renuncie à resignação. Anuncie a exasperação. Contagie.
Caminhe um pouco mais, mas volte sempre.
Todos merecem o suor dos trapos que não lava.
É uma questão de justiça.
Não pratique a empatia com os filhos da puta,
pode tornar-se num deles.
À estética, ética.
Evite a anestesia geral.
Divirta-se, mas não se entretenha.
Ria como uma espada. Sonhe como um escudo.
Pratique a memória do futuro, tornando-se presente.
À sobrevivência, vivência. Avive a chama.
Não se acostume.
Não se acostume.
Não se acostume.
Exista na identidade.
Resista à autoridade.
Encontre entre os seus afetos a cidade habitável.
Natalia Carrizo
Sem comentários:
Enviar um comentário