A Rosa do Povo
E colocamos os dados
de um mundo sem classe e imposto;
e nesse mundo instalamos
os nossos irmãos vingados.
O amor, então, se concretiza:
E nessa fase gloriosa,
de contradições extintas,
eu e Fulana, abrasados,
queremos… que mais queremos!
Porém, todo o ardor dos amantes,
toda a exaltação entusiástica
do desejo, toda a ânsia pelo outro convertem-se, após a consecução
afetivo-erótica, em outra coisa:
E digo a Fulana: Amiga,
afinal nos compreendemos.
Já não sofro, já não brilhas,
mas somos a mesma coisa.
(Uma coisa tão diversa
da que pensava que fôssemos.)
Carlos Drummond de Andrade
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